Autorama Estrela
O objetivo aqui não é fazer uma cópia dos documentos do Johnny Rook (ou do Rodrigo, ou dos demais materiais citados), mas sim reunir algumas das principais informações disponíveis sobre esse hobby, focando nos itens fabricados pela Estrela, para deixá-las registradas e novamente disponíveis na rede, já que com o fim do Fórum Mundo Slot Car (M.S.C.) perdemos um acesso público ao material do primeiro autor citado, ainda que depois tenha encontrado o mesmo material no grupo Autorama Estrela, do Facebook. O Alex Cruz me explicou que o texto já estava no Grupo do Facebook quando eu o descobri no MSC.
A proposta é contar uma história, de forma ilustrada, com exemplos de conjuntos, carros e acessórios. Sabemos que há várias confusões e divergências com relação a alguns itens, suas datas de lançamento e extinção. Não temos pretensão de solucionar tais problemas aqui, apesar de ter sido feita uma revisão para buscar por inconsistências mais óbvias. Ao perceberem incorreções, por favor, nos enviem mensagens para corrigirmos. Certamente esse material não é para colecionadores, especialistas no Autorama Estrela. Ele serve de memória para mim e para outras pessoas que tenham curiosidade no tema, especialmente os que não conhecem tanto do assunto.
Eu sou novato no autorama. Não o tive quando criança/adolescente (meu primeiro autorama foi comprado em 2011, mas ficou guardado). Em 2012 eu, meu irmão e 2 amigos, compramos uma pista 4 fendas de madeira com 4 fendas, mas muito rudimentar e com traçado horroroso, que foi utilizada por uns 3 ou 4 meses em 2012 e depois desmontada e guardada até a chuva a estragar…só em 2020, buscando alternativas para suportar nosso isolamento por causa da Pandemia, passei a me interessar realmente pelo Autorama. Aí comecei a fazer buscas pelo tema, assisti a muitos vídeos e descobri esse material do Johnny Rook. Quando tomamos as primeiras vacinas, chamei meu irmão Flavio Barros e o amigo Sandro Souza (que foi o que me incentivou a comprar o primeiro oito simétrico, em 2011, numa feira de antiguidades do Rio) para correr numa pista pequena (28 placas com 1 jumper) que ficava em cima de uma mesa de tênis de mesa no playground do prédio onde moro. Acabei comprando réplicas mais rápidas, que tornaram a pista pequena demais: propus a eles montarmos uma pista grande, boa, planejada. Convidamos o Roberto Simões, que logo topou a empreitada e aí mergulhei no hobby, já focando na Estrela. Comecei a projetar a pista e a montá-la em novembro de 2021. Em 4/1/22, O Autódromo do Quebra Coco estava operacional, com 32 metros, 3 Curvas Inclinadas, retas boas (14 e 15 placas), curvas de 30 e 60 e telemetria. Temos um canal no qual vamos postando os vídeos de corridas e brincadeiras nesta pista: https://www.youtube.com/@PasseiosOffRoad. Em paralelo ao início do projeto, o amigo Rodrigo Zucoloto, da Bahia, me adicionou no grupo do Paulo Strehl, com Genaro, Alexandre Peres, Armando, Ângelo etc. Foi com eles que eu conheci as mais maravilhosas corridas entre Lolas, Ford J, Ford GT40 e, depois, Ferrari 250 GTO e Puma GT. Além da pista perfeita do Paulo, os carros deles eram muito bem ajustados e as corridas eram sensacionais. Mudei meu foco dos F1 para estes GT por causa dessa turma do RS. Foi através desse grupo que conheci o Cedric (MG), que por sua vez me apresentou ao Vitor Saraiva (RJ) e ao Marco Gavioli (SP). E foi nesse grupo do Paulo que aprendi bastante sobre critérios para construção de pistas que se adequavam aos meus interesses, incluindo retas longas, freadas fortes ao final e segurança para evitar quebra dos carros. Além disso e dos carros, naquele grupo conheci o pneu de microespuma cinza dos anos de 72 a 74, sobre o qual comento na 2a. parte do texto.
Vários hobistas mais antigos dizem que o auge do Autorama foi durante os anos 60 no Brasil. Eu sempre considerei que o auge tivesse sido nos anos 70. Mas talvez as duas afirmações façam sentido, sendo possível, ainda, incluir os anos 80. Recentemente conversei com o Roberto Simões – outro grande hobista de Slot, ainda que não foque mais no Autorama Estrela, apesar de ter começado com esta marca em 1974, quando ganhou seu primeiro conjunto de 4 fendas da Estrela. Nesta conversa ele concordou que 60 foi o auge dos carros: os melhores carros da Estrela saíram naquela década. São modelos icônicos como Lotus 38, Lola T70, Ford GT40, Ford J, Mustang T, Cheetah, Chaparral, Puma GT, Alfa-Romeo 33. Estes carros eram muito bonitos, feitos com muito cuidado, sendo réplicas das marcas mundiais de modelismo de fenda. Eu destaco, especialmente, a Lola T70, o Ford J e o Ford GT40, que tinham o chassis de alumínio basculante (IFC, de origem Cox) – que me parece ter sido o melhor chassis da Estrela – gerando um comportamento excelente destes carros na pista. Além disso, a maioria dos carros dos anos 60 estava na escala correta – 1:32. É preciso dizer, porém, que foi uma década onde só as famílias com alto padrão de vida podiam comprar os caros conjuntos e itens à parte. A partir de 1972, a Estrela aproveita o sucesso da Fórmula 1 no Brasil - com a primeira corrida de Fórmula 1 em Interlagos e com o primeiro Título de Campeão Mundial de F1 de Emerson Fittipaldi no mesmo ano - para sair dos modelos que eram cópias dos estadunidenses ou dos europeus e dar uma guinada apostando nos modelos que reproduziam os F1 (Lotus, McLaren, Copersucar-Fittipaldi, Tyrrel, Brabham, Ferrari etc.). O apelo da Fórmula 1 funcionou e as vendas cresceram bastante. Por causa do número muito grande de vendas, a década de 70 também pode ser considerada como auge do Autorama Estrela. Algo semelhante acontece com os anos 80, com uma maior popularização do esporte por causa do Nelson Piquet e Ayrton Senna. Os carros dos anos 70 em geral eram bem bonitos e são cobiçados até hoje. A Estrela, porém, não manteve a escala 1:32: os carros estavam entre 1:32 e 1:24, e isso não era muito legal nas pistas Estrela, pois seu tamanho maior, aliado à exposição das largas rodas traseiras, dificultava muito que duas F1 dividissem uma curva sem um carro lançar o outro para fora da pista, o que prejudicava as corridas e gerava quebra das carrocerias dos carros – às vezes mais do que isso. Isso foi um pouco pior nos carros a partir da 2a. série do Fittipaldi, quando as rodas traseiras passaram a ser um pouco mais largas. Nos anos 80, com os motores na "transversal" a largura total dos carros se manteve, ainda que a as carrocerias tenham ficado mais largas e menos compridas em geral. A partir de 1980 os carros vão piorando de qualidade para reduzir custos, com mudanças importantes em 1997 e 2005, na minha opinião. O problema é que outras marcas lançavam réplicas melhores, nas escalas certas e talvez isso tenha contribuído para o Autorama Estrela ter perdido o mercado que dominava. Hoje me parece que praticamente só hobistas e colecionadores aficionados nos carros antigos da Estrela é que mantêm o Autorama Estrela ainda vivo, mesmo que sem nenhuma ajuda da marca.
A seguir, começamos a registrar alguns fatos e lançamentos interessantes de cada ano, organizados em 5 períodos que, na minha visão, correspondem a diferentes fases do Autorama Estrela: 1963 a 1971; 1972 a 1979; 1980 a 1996; 1997 a 2004 e 2005 aos dias atuais. Ao final tem, também, um resumo com alguns dos destaques de cada ano. Apesar dos catálogos Estrela serem referentes a pares de anos, a descrição será pelo ano em que os itens são lançados. Várias fotos mostram exemplos de conjuntos Estrela, carros, chassis, motores, aceleradores e alguns acessórios Estrela comentados no texto. Muitas dessas fotos são do material do Johnny Rook e estão referenciadas. Outras são de colecionadores, sendo que alguns deles preferiram não se identificar. A menor parte das fotos é minha. Destaco que não sou colecionador. Gosto de correr com os carros em pista Estrela que tenha variações no traçado. E acabei tomando gosto pela rica história do Autorama Estrela.
Períodos descritos:
1997 a 2004
2005 a 2023
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